quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Crônica de um transplante


"Nunca imaginei que minha saúde fosse me decepcionar. Tinha muitos sonhos para o futuro, e, apesar das adversidades, enfrentei as intempéries que a vida me propôs. Entretanto veio o golpe fatal: irei precisar de um temido e complicado transplante dos dois pulmões, e somente essa seria a saída para a melhoria da minha qualidade de vida, que, durante esse último ano, tem sido bastante difícil.

No início foi um choque: lágrimas e lágrimas rolaram na nossa família e entre os amigos. Mas foi só o início de um processo de grandes mudanças na minha vida, de reafirmar outros valores escondidos na minha personalidade. Foi como reerguer um prédio: no pilar direito foi erguido um trabalho de reabilitação física na Santa Casa, responsável por eu voltar a andar calmamente e fazer algumas pequeníssimas atividades diárias. No pilar esquerdo, o apoio dos meus pais, irmãos, parentes e amigos. A estrutura do meu prédio está pronta, só falta “trocar a ventilação”.

Sorte minha que o prédio é jovem e o trabalho foi pouco. Ela agora será desviada para outra angústia: encontrar um doador compatível. Infelizmente, conto com a sorte para mudar de vida. Eu e aproximadamente 2500 pessoas. Dependemos de um gesto de carinho das famílias dos doadores, do profissionalismo e do comprometimento dos médicos e profissionais da área, para que se sensibilizem com a nossa causa, pois só queremos poder voltar a caminhar, correr, dirigir, enxergar, viajar, coisas que qualquer um tem direito.

Assim digo: foi um alívio entrar para a lista de transplantes. Um alívio? Sim, tenho a chance de liquidar o sufoco da falta de ar e de poder jogar o tão sonhado futebolzinho com os meus amigos. Estou com a oportunidade de reconstruir a minha moradia corporal e para isso preciso de um doador. E isso irá acontecer. Deus vai me ajudar."

Ajude-me a espalhar o meu exemplo, que ele sirva para a conscientização. Propague nosso lema: "Doação de Órgãos: um ato de amor à vida" dizendo à sua família e ao seu médico que você é um doador. Mande esse e-mail para quantas pessoas forem possíveis. Agradeço seu carinho e a sua atenção.
Luís Fernando Kalife Júnior
Estudante de Letras da UFRGS
Texto publicado no Caderno Vida – Jornal Zero Hora – 26/01/2008

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