segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Existem alguns mitos e preconceitos em relação a doação de órgãos

Algumas famílias usam motivos religiosos para não autorizar a doação. Na verdade, não há nenhuma religião, nem mesmo as testemunhas de Jeová (deixou de considerar o transplante de órgãos como canibalismo em 1980), que se oponha ao transplante de órgãos.

Não sou religioso, mas acho difícil imaginar que Deus prefira ver um órgão apodrecer e servir de alimentos para vermes, do que fazer com que o último ato de um ser humano seja salvar uma ou mais vidas, tirar pessoas das máquinas de hemodiálise ou devolver a visão a quem não enxerga. Difícil defender que um ato de tamanha bondade seja errado.

Algumas pessoas temem que a retirada de vários órgãos deforme o corpo doente falecido. A remoção dos órgãos deixa a mesma cicatriz que uma cirurgia deixaria. Não há nenhuma diferença para o velório, que pode ser inclusive com urna aberta.

Existe também um medo de que os médicos não se esforcem para salvar um doente sabendo que este é um potencial doador. Isso é um absurdo! Os médicos que trabalham nas emergências não têm qualquer relação próxima com as equipes de transplantes e não recebem nenhum tipo de incentivo ou vantagem se houver uma doação de órgãos.

Além disso, durante o procedimento de ressuscitação, quase nunca temos conhecimento de detalhes do histórico clínico do doente para sabermos se este poderia ser doador ou não. Só depois de constatado a morte cerebral é que o paciente passa pela bateria de testes para avaliar a possibilidade der ser doador. E a maioria das pessoas mortas não servem para doadores.

Existe um outro mito, que fala sobre o tráfico de órgãos. Quem nunca recebeu o e-mail do cara que acordou em uma banheira de gelo sem os dois rins. O transplante de órgãos é um dos procedimentos mais complexos da medicina. A quantidade de profissionais e material necessário e muito grande. Não é um aborto que pode ser feito em qualquer "trambiclínica". Além disso, um órgão retirado desta maneira não passaria pela tipagem do HLA e pelo cross-match já que não é qualquer laboratório que tem capacidade para realizar esse exame. Um processo destes envolveria uma quantidade enorme de pessoas o que provavelmente nem seria lucrativo para os marginais.

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